terça-feira, 30 de outubro de 2007

Crise, ética e política (parte I) - LEIAM!!!

Do portal do IBASE (clique aqui se quiser ler no "original").
Especial para quem faz a DCG de Política... Abraços galera (e a laranja mecânica heim???)

Crise, ética e política (parte I)
Paulo d’Avila Filho*

"Vivemos uma crise ética sem precedentes neste país” é um dos bordões mais repetidos nos últimos tempos. O bordão pretende explicar, desde os chamados “escândalos do mensalão”, a recente absolvição de Renan Calheiros no Senado Federal. Em alguns momentos, ao diagnóstico da crise ética se associa o receituário da ética na política. Quero crer que o apelo se volte para quem julga o réu e não para o réu em si. Pois não me parece fazer sentido apelar para os juízos morais de pessoas que, por ventura, tenham cometido malversação de verbas públicas ou afins.

A relação entre ética e política é um dos mais antigos e controvertidos temas da filosofia política. Na conjuntura, constitui um tema dos mais espinhosos. A dificuldade no trato com o tema se deve, sobretudo, à falta de consenso em torno dos parâmetros do debate público.
Para começar, vamos aos termos envolvidos: o que se entende por ética, por exemplo, e o que se quer designar como crise ética. Sobre a idéia de crise ética, creio que desde os primeiros registros pós-socráticos, há alguém denunciando uma. Platão acusava os sofistas de uma postura discursiva antiética por não estar pautada em uma concepção filosófica de bem. Antes de Platão, não havia uma ordenação “dogmática” racional que conduzisse as relações entre as pessoas a partir de uma concepção prévia do “verdadeiro” bem e, portanto, do dever. O comportamento humano não poderia ser corrigido segundo uma ontologia ou metafísica prévia que indicasse os critérios necessários para correção e modelação do agir humano.

Mais tarde, perscrutando esse filão da tradição ocidental, Nietzsche sentencia que entrando em crise o pressuposto de toda a ética ocidental, a razão, todo edifício ético no ocidente desmoronou. Recentemente, os diversos discursos sobre a contemporaneidade reforçam o coro daquelas pessoas que sugerem que vivemos um período cuja característica é o questionamento de toda a tradição por intermédio de uma febre reflexiva contagiante.

A idéia de crise deve referir-se à crise de valores, ao que me parece uma dimensão absolutamente humana na história e uma marca da história do pensamento: o questionamento incessante dos valores. A cada geração, é possível ouvir os ecos do comentário inescapável “no meu tempo não era assim... algo se perdeu”. Somos fruto de um conjunto de inúmeras crises de valores analisados e descritos pela historiografia.

Por volta de meados do século 16, as diversas sociedades da Europa passaram por uma crise dos valores morais, marcada pelo conflito entre duas visões do mundo: de um lado, a visão cristã ou católico-feudal, e de outro, transcendente da anterior, de maneira crítica e providencialista, a humanista-renascentista ou moderna. A crise foi essencialmente religiosa, cujo impacto se fez sentir em todas as direções. A crise dos valores morais e estéticos foi apenas uma delas. Da crise das concepções religiosas em competição no renascimento, passamos pela crise do saber narrativo diante da revolução técnico-científica do século 17, e pela idéia de crise permanente engendrada pela associação entre crítica e crise, proveniente das vertentes alemã, francesa e escocesa do projeto iluminista moderno.

Enfim, diagnosticar uma crise de valores como forma de explicar a conjuntura política brasileira é, portanto, não dizer nada e dizer tudo ao mesmo tempo, o que é a mesma coisa.

Sabemos que boa parte do alarde se assenta na legítima preocupação com a corrupção. Um fenômeno tão antigo quanto a crise. Tema de autores romanos, antes de Cristo – como Cícero, crítico implacável de Marco Antônio. Ainda que se possa estabelecer relação entre as duas dimensões da vida humana, valores e corrupção não possuem conexão clara ou evidente de causa e efeito.

Corrupção é um fenômeno difícil de medir e é impossível afirmar com segurança que aumentou nos últimos anos. Afirmações que sugerem que vivemos um agravamento de uma suposta crise moral, em função do aumento dos escândalos de corrupção não estão considerando o fato insofismável de que o que assistimos é o aumento da visibilidade pública desses casos.

Maior visibilidade pública significa que as instituições responsáveis pela “vigilância” estão funcionando. Polícia Federal, Ministério Público, imprensa, entre outros, cumprem, ainda que com excessos aqui e ali, seus papéis em uma democracia. Mesmo o Parlamento, ainda que não sacie nossas altas expectativas reprimidas por “justiça”, cassou recentemente o segundo homem mais poderoso da República e um dos parlamentares mais influentes da casa. Nossa sede de “justiça” não pode nos cegar. Por hipótese, se o Supremo Tribunal Federal vier a absolver algum dos parlamentares cassados pelo Legislativo significará que a instituição não funciona? Se assim for, não precisamos do Supremo Tribunal de Justiça, o julgamento está feito e pronto.

Se há uma crise, ela é uma crise de crescimento, assistimos o aprofundamento de uma democracia já consolidada no Brasil. O encontro entre esse processo incessante de aperfeiçoamento do funcionamento das instituições democráticas e uma cultura da invisibilidade, da inviolabilidade (a sociedade brasileira só recentemente teve acesso às atrocidades realizadas “nos porões” da ditadura militar) não se fará sem choque, sem drama social. Mas é preciso ter muita calma e serenidade nesta hora. Se não compreendermos o quadro geral do momento que atravessamos dentro da história política deste país, embarcando nos diagnósticos alarmistas contidos nas compreensíveis, porém incautas, disputas entre situação e oposição, corremos o risco de prestar um desserviço ao processo em curso.

Continua...

*Cientista político, professor do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio

Publicado em 26/10/2007.

100% SIPECOM

Olá: a programação do III Sipecom terá a participação de 07 comunicações do curso de Jornalismo do Cesnors. A participação no Seminário (dias 4, 5 e 6) será contada como ACG. Ainda há algumas vagas no ônibus...

Confira:
Textos do Cesnors aprovados no Sipecom 2007
- GT Rádio Sociedade Seberi: o enfoque local na construção da notícia Alunos: Heloise Santi, Eliana de Souza, Josiane Canterle e Marcos Corbari; Profa. Cláudia Herte de Moraes - GT RÁDIO - 06/11

- A locução radiofônica e os aspectos regionais no Norte do Rio Grande do Sul Alunas: Morgana Fisher e Roscéli Kochhann; Profa. Fernanda Kieling Pedrazzi -
GT RÁDIO 06/11

- Rádio Comunitária de Frederico Westphalen: em busca da pluralidade no espaço público Alunos: Josiane Canterle, Eliana de Souza, Heloise Santi e Ricardo Cocco;
Profa. Cláudia Herte de Moraes - GT RÁDIO 06/11

- É Nova ou é Gloss: a questão do formato na mídia impressa revista Profa. Caroline Casali - GT Jornalismo - 05/11

- Perspectivas ao estudo do Jornalismo no Norte do RS Profa. Cláudia Herte de Moraes - GT Jornalismo - 06/11

- Quando a mídia vai à escola: estratégias de educomunicação para a Escola Estadual Sepé Tiaraju Alunos: Gustavo Menegusso, Eliana de Souza e Heloise Santi; Profa. Caroline Casali - GT Estratégias – 05/11

- Da escrita ao audiovisual: estratégias de educomunicação para a Escola Estadual Cardeal Roncalli Alunas: Duane Loblëin, Letícia Costa, Aline Schuster, Bruna Wandscheer, Daniela Polla, Morgana Fischer e Priscila Devéns; Profa. Caroline Casali - GT Estratégias - 05/11

Mais sobre o SIPECOM.
Lista geral dos trabalhos.

domingo, 28 de outubro de 2007

Franklin Martins disse que TV Brasil fará 'jornalismo de qualidade'

Leia a matéria completa:
Franklin Martins disse que TV Brasil fará 'jornalismo de qualidade'

http://www.coletiva.net/

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Seminários DCG Comunicação e política

DCG COMUNICAÇÃO, ÉTICA E POLÍTICA
Prof. Cláudia Herte de Moraes – 2007/2
Seminários finais – dias 27/11 e 04/12
Avaliação: 3,0 pontos
Técnica GO x GV:
Os alunos ficam dispostos em dois círculos concêntricos. GV interno e GO externo.
O grupo GV discute o conteúdo do texto por 30 minutos. O grupo GO observa, ouve e anota. Após, o GO faz suas leituras e intervenções, procurando corrigir ou complementar por mais 30 minutos. Há uma inversão rápida de papéis, por cerca de 10 minutos.
Por fim, o professor sintetiza o tema (e pode fazer questões ao GVe ao GO). Os demais alunos (dos outros seminários) anotam as principais idéias e entregam resumo ao final.

Critérios para Avaliação: os conceitos do texto foram usados ou houve omissões; o emprego adequado dos conceitos; relação de conceitos novos com conceitos já aprendidos.

Seminário 01 – 27/11
Grupo de Verbalização: Luana, Ligia, Deyse, Dione e Carina
Grupo de Observação: Larissa, Tatiana, Nandressa, Juliana, Pricila A

Esfera pública e mídia. Espaço público e Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação. SERRANO, Estrela. O espaço público e o papel do Estado na sociedade global da informação. Disponível em:
www.bocc.ubi.pt/pag/ serrano-estrela-espaco-publico-estado.pdf
ESTEVES, João Pissarra. Sociedade de Informação e Democracia Deliberativa. In: Espaço público e democracia: Comunicação, processo de sentido e identidade social. São Leopoldo/RS: Unisinos, 2003.


Seminário 02 – 27/11
Grupo de Verbalização: Talita, Camilla M, Franciele, Karen, Joseane
Grupo de Observação: Dejair, Alvaro, Lucas F, Gabriel, Morgana

Ética jornalística e responsabilidade social.
KOVACH & ROSENTIEL. Poder monitorado, voz para os sem voz. In: Os elementos do Jornalismo. SP: Geração Editorial, 2003.
__________. Jornalismo como um fórum público. In: Os elementos do Jornalismo. SP: Geração Editorial, 2003.


Seminário 03 – 04/12
Grupo de Verbalização: Laisa, Fernanda, Daiane, Liara, Aline
Grupo de Observação: Daniela, Luara, Jaqueline, Laísa B, Arnaldo
Responsabilidade Social e Mídia CORREIA, João Carlos. O jornalismo e o sistema político: audiências e manipulações. Disponível:
www.labcom.ubi.pt/agoranet/06/correia_jornalismosistemapolitico.pdf
CORNU, Daniel. Liberdade e Responsabilidade do Público. IN Ética da informação. Bauru/SP: Edusc, 1998.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Seleção de professor substituto

O edital de seleção para professor substituto para as áreas de Telejornalismo, Laboratório de Jornalismo Digital e Comunicação Digital está aberto. As inscrições devem ser feitas até dia 26 de outubro de 2007, no Centro de Educação Superior Norte - RS (Cesnors), campus de Frederico Westphalen.

A vaga exige graduação em Comunicação Social - habilitação em Jornalismo.

Acesse o edital.
Divulguem a possíveis interessados.

Revista Escritos

Chamada de artigos para a revista Escritos nº 2
do Centro de Pesquisa da Casa de Rui Barbosa

A revista Escritos, uma publicação do Centro de Pesquisa da Casa de Rui Barbosa, está lançando chamada para matérias que comporão o segundo número do periódico. Os textos, que podem ser apresentados na forma de artigos ou resenhas de livros, devem ser inéditos e serão submetidos ao Conselho Editorial da revista e a eventuais pareceristas.
A revista dará ênfase às áreas de abrangência do Centro de Pesquisa da Casa de Rui Barbosa, cobrindo, essencialmente, os campos referentes às ciências humanas e sociais. O prazo para entrega dos artigos e resenhas é 15 de março de 2008.

Endereço:
Fundação Casa de Rui Barbosa – Revista Escritos – Setor de Editoração
Rua São Clemente, 134 – Botafogo – Rio de Janeiro
CEP 22260-000
Email: afonso.neto@rb.gov.br

Artigos: entre 35.000 e 75.000 caracteres com espaços, notas e bibliografia incluídos.
Resenhas: entre 5.000 e 20.000 caracteres com espaços.

Trabalhos sobre cultura

IV Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – Enecult
Salvador – Bahia – Brasil - 28, 29 e 30 de maio de 2008
Promoção
Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – Cult
Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade – Pós-Cultura

Prazos
Inscrições de trabalhos e mesas coordenadas : 08 de fevereiro a 03 de março de 2008
Seleção dos trabalhos e mesas coordenadas : 04 de março a 28 de março de 2008
Divulgação do resultado da seleção dos trabalhos e mesas coordenadas : 28 de março de 2008
Áreas temáticas
Consumo e públicos culturais
Cultura e arte
Cultura, ciência e tecnologia
Cultura e cidade
Cultura e desenvolvimento
Cultura e identidades
Cultura e mídia
Cultura e sociedade
Diversidade cultural
Economia da cultura
Fronteiras culturais
Gestão e produção culturais
Narrativas e representações culturais
Patrimônio cultural
Políticas culturais
Subjetividade e corpo
Teorias da Cultura

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Evento sobre jornalismo científico em SP

Nos dias 22 e 23 de novembro, SP sediará o 9º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico. Sob o tema “Jornalismo Científico e Sociedade: Os Novos Desafios”, o evento terá o objetivo de relembrar a história da divulgação científica no país e delinear os desafios do presente e futuro. O encontro é promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC).
Os interessados poderão, também, submeter trabalhos para apresentação no congresso com temas de Experiência e Relatos em Jornalismo Científico, Pesquisa em Jornalismo Científico, História da Divulgação Científica e Estratégias de Divulgação em Assessoria de Comunicação. Prazo: 15/10.
ABC: http://www.abjc.org.br/
E-mail trabalho@abjc.org.br

não resisti (kkkkkk)

Tem muita gente com inveja de uma pessoa que é tão light, non sense ou sei lá o quê.
Esta entrevista vale a pena, quase chorei de rir... E não resisti a publicar no nosso blog.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u332237.shtml
28/09/2007 - 13h17 Líder do Cachorro Grande diz curtir "baseadão" e Íris no VMB

*DÉBORA BERGAMASCO*
da *Folha Online*

Com o troféu de melhor show do ano na mão, o vocalista da banda gaúcha Cachorro Grande, Beto Bruno, 33, saiu da premiação do Video Music Brasil e foi direto para a ala vip da festa da MTV, realizada na quinta-feira (27), no Credicard Hall, em São Paulo. Lá, falou à *Folha Online* sobre suas preferências "construtivas" e sobre sua admiração pela ex-BBB Íris Stefanelli.

*Folha Online - Como é participar da premiação da MTV?*
*Beto Bruno* - Estou feliz, mas não assisto televisão, não gosto. Prefiro fazer coisas mais construtivas.

*Folha Online - Tipo o quê?*
*Beto* - Prefiro fumar um "baseadão" [cigarro de maconha] enquanto ouço uns discos de vinil e aprender mais sobre som, sobre rock'n roll. Aí dou uma relaxadinha e paro de pensar em besteiras menos importantes que existem por aí. Também gosto de ver filmes, sou cinéfilo.

*Folha Online - O que você achou do filme brasileiro indicado para concorrer à vaga no Oscar?*
*Beto* - Foi "Tropa de Elite"?

*Folha Online - Não, foi "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias".*
*Beto* - Esse eu não vi. Gostei de "Tropa de Elite". Achei ótimo esse negócio de já estar na internet. Ajuda a divulgar o filme.

*Folha Online - Você assistiu ao pirata?*
*Beto* - Não, vi na casa de um amigo que baixou da internet.

*Folha Online - O que você achou das cenas de tortura praticadas pelo Bope [Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar] no filme?*
*Beto* - É a maneira como eles trabalham, né? Mostra o lado pesado da tropa. Achei legal que o chefe do Bope se dá conta de tudo aquilo quando o filho dele está para nascer. Isso também aconteceu comigo. Quando minha filha nasceu, deixei de ser muito doidão.

*Folha Online - Quanto tempo tem sua filha?*
*Beto* - Dezesseis anos.

*Folha Online - No filme "Tropa de Elite", o chefe diz que a culpa da violência no morro e de crianças morrendo, envolvidas no tráfico, são da classe média que consome drogas...*
*Beto* - A culpa é da polícia que proíbe. Se fosse liberado, eu poderia plantar maconha no quintal de casa e ninguém ia morrer por isso.

[A ex-Big Brother Iris Stefanelli pára ao lado de Beto, que se dirige a ela e diz "ooooi, você é muito linda".]

*Folha Online - Quem é ela?*
*Beto* - É a Iris, do "Big Brother".

*Folha Online - Não é você que não gosta de ver televisão?*
*Beto* - É.. mas eu leio "Playboy".

Reunião Vídeo Entre-Linhas (15/10)

Os bolsistas do projeto Entre-linhas estão convocados para reunião geral nesta segunda-feira (15/10), às 14h, na sala 176B. Na pauta vamos discutir o projeto, a metodologia e o plano de trabalho dos monitores, entre outras informações essenciais.

Abraços

Reunião Envolver (10/10)

Interessados em participar do projeto Envolver podem vir na reunião desta quarta-feira (10/10) às 15h30, na sala 176B para discutir as próximas ações do Projeto.
Abs

Palestra sobre Ciência e Cinema (16/10)

Pessoal,
Na próxima terça-feira (16/10), acontece a palestra "A imagem da ciência no cinema no século XX", que está dentro da programação da Semana Acadêmica da Agronomia mas é aberta a todos os alunos do Centro. A coordenação do curso de Jornalismo informa que a palestra valerá como ACG, contando 04 horas complementares (mediante lista de presença e entrega de relatório). Aproveitem!

Jornalismo aprova projeto no MinC

O projeto Vídeo Entre-Linhas: formação de jovens realizadores no interior de Frederico Westphalen, do curso de Jornalismo, garantiu aprovação total dos recursos solicitados

Mais de 620 concorrentes, representando universidades públicas de todo o Brasil, responderam ao edital do Programa de Apoio à Cultura: Extensão Universitária (Proext Cultura 2007), uma iniciativa do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e Ministério da Cultura, sob o patrocínio da Petrobras e apoio da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade de São João Del Rei (Minas Gerais). O resultado, divulgado no final de setembro, contemplou 50 projetos. Entre os quatro projetos aprovados para o Sul do país, a UFSM garantiu sua participação com o projeto Vídeo Entre-Linhas: formação de jovens realizadores no interior de Frederico Westphalen. A proposta, aprovada sem sua totalidade, foi enviada pela professora do curso de Jornalismo do Cesnors, Cláudia Herte de Moraes.

O principal objetivo é capacitar jovens na área audiovisual, moradores das chamadas Linhas (localidades rurais). Para isso, contará com monitores do curso que farão oficinas cujo resultado serão vídeos realizados pelos próprios jovens. “A apropriação da linguagem audiovisual é uma das formas de busca da cidadania dos jovens que hoje se encontram na busca da identidade entre o rural e o urbano”, afirma a coordenadora. A idéia é que os jovens possam mostrar o que são e como se vêem, não sendo apenas consumidores da cultura, mas realizadores.

domingo, 7 de outubro de 2007

Trabalhos do SIPECOM - até 22/10

Evento III SIPECOM
Dias 04, 05 e 06 de novembro de 2007.
Campus da Universidade Federal de Santa Maria.

Período de inscrição
Até 22/10/07 – Para inscrição de trabalhos.
Até 04/11/07 – Para ouvintes.

As inscrições também podem ser feitas de segunda às sextas-feiras, das 8:30 às 11:30 horas, na sala 5130 da secretaria do Mestrado em Comunicação da UFSM.

Informações pelo telefone (55) 3220 8579, pelo e-mail sipecom@yahoo.com.br ou pelo site: www.ufsm.br/poscom

Chamada de artigos - Jornadas Internacionais

Para os professores de Jornalismo:
Estão abertas as inscrições para participação, com e sem comunicação, nas III Jornadas Internacionais de Jornalismo, organizadas pelo Centro de Estudos da Comunicação da Universidade Fernando Pessoa e subordinadas ao tema genérico "Jornalismo e Democracia Representativa".
A ficha de inscrição, informações sobre o programa do evento, chamada para trabalhos (call for papers), normas para inclusão dos textos no CD de actas das Jornadas, prazos e lista de inscritos encontram-se disponíveis on-line em:
http://www.ufp.pt/events.php?intId=10046


E-mail: j.p.sousa@mail.telepac.pt

Jorge Pedro Sousa
Centro de Estudos da Comunicação da Universidade Fernando Pessoa
Cacifo 85 - Praça 9 de Abril, 349
4249-004 Porto - Portugal

Mais sobre as concessões de rádio e tv

Indicação da Josiane Canterle, que está preparando artigo sobre comunicação comunitária para o Sipecom.

Entrevista: Venício A. de Lima
Flávia Mattar

O jornalista, sociólogo e pesquisador da Universidade de Brasília, Venício A. de Lima, aborda as concessões públicas de radiodifusão brasileiras. Ele defende que a não-renovação de concessões, desde que haja respeito ao contrato estabelecido, não necessariamente configura atitude autoritária. Ao mesmo tempo, chama a atenção para o fato de precisarmos debater e rever os defasados contratos de radiodifusão brasileiros. O entrevistado também levanta a discussão sobre a TV pública e a possibilidade de incorporação da diversidade nas programações.

Leia a entrevista completa no Portal IBASE.

sábado, 6 de outubro de 2007

As tragicomédias da semana

Foi no dia 01 de outubro, segunda-feira, quando saiu no Diário Oficial a demissão do Gerúndio. O coitado, nem sabe direito os motivos, já que o decreto do governador do DF associa o seu uso à ineficiência do setor público. Convenhamos, quem ainda não "esteve usando" o tal moço em hora errada, diante de sua popularização geral, atire a primeira "crase". Também foi tragicômica a história do carimbo do "Congreço" Nacional que figurou na capa da Folha de São Paulo (o dia confesso que esqueci).

Mais sobre o decreto do Arruda/DF

Comentário inteligente e elucidativo do uso do gerúndio (ele é somente um bode expiatório, os verdadeiros culpados da ineficiência do Estado muitas vezes são os próprios mandatários, não é mesmo??).
DO PASQUALE CIPRO NETO:
A assessoria do governador explica que, quando ele cobrava a conclusão de projetos, recebia respostas como "Vou estar terminando", "Vou estar lhe informando", "Vou estar concluindo". De fato, frases como essas transmitem a sensação de que nada acontecerá. Isso é herança maldita do ultramegachato uso de bobagens como "Ele tem que estar enviando um fax", "Vou estar transferindo a ligação", "Você tem que estar pegando uma senha", "Não pude estar comparecendo" etc.
Nessas insuportabilíssimas frases, emprega-se a estrutura "estar + gerúndio" para indicar processos que não são durativos ("Estava tomando banho"; "Nessa hora vou estar almoçando com ela") nem simultâneos ("Quando você estiver falando com ele, estarei terminando o relatório").
Pois o nó da questão é justamente o mau uso do gerúndio, ou melhor, da estrutura "estar + gerúndio" (que recebeu o nome de "gerundismo").
O governador tem pleno direito de enfurecer-se com seus assessores enrolões, mas nenhum direito de tentar legislar sobre o uso da língua, sobretudo quando essa tentativa esbarra em impropriedades técnicas.
Viva o gerúndio! Abaixo o decreto do governador do DF! Abaixo o mau uso de "estar + gerúndio"! E, sobretudo, abaixo todos os enrolões (da administração pública, do Senado, da Câmara Federal, das empresas de telefonia fixa, móvel etc., etc., etc.)!

Foi ontem, alguém ouviu alguma coisa??

Ontem, data em que venceu o prazo de várias concessões de tvs no país, assisti telejornais em vários horários e realmente este assunto não existe na agenda da mídia!

Indicação da colega Josiane Canterle (obrigada!)
Do portal do Ibase

O fim da concessão
Altamiro Borges*

O dia 5 de outubro terá enorme significado para todos os que lutam contra a ditadura da mídia no país e pela democratização dos meios de comunicação. Nesta data vence o prazo das concessões públicas de várias emissoras privadas da televisão brasileira, entre elas de cinco transmissoras da Rede Globo – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Belo Horizonte. A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne as principais entidades populares e sindicais do país, já decidiu aproveitar o simbolismo desta data para realizar manifestações em todo o país contra as ilegalidades existentes no processo de concessão e renovação das outorgas de televisão no Brasil.

De acordo com a Constituição de 1988, a concessão pública de TV tem validade de 15 anos. Para que ela seja renovada, o governo precisa encaminhar pedido ao Senado, que pode aprová-lo com o voto de 3/5 dos senadores. No caso de rejeição, a votação é mais difícil. A proposta do governo deve ser submetida ao Congresso Nacional, que pode acatar a não renovação da concessão da emissora com os votos de 2/5 dos deputados e senadores. Antes da Constituição de 1988, esta decisão cabia exclusivamente ao governo federal. A medida democratizante, porém, não superou a verdadeira “caixa-preta” vigente neste processo, sempre feito na surdina e sem transparência.

Baixarias e lixo importado

Como explica o professor e jornalista Hamilton Octávio de Souza, “os processos de concessão e de renovação têm conseguido, ao longo das últimas décadas, uma tramitação silenciosa e aparentemente tranqüila, com acertos apenas nos bastidores – especialmente porque muitos dos deputados e senadores também são concessionários públicos da radiodifusão, sócios e afiliados das grandes redes e defendem o controle do sistema de comunicação nas mãos de empresários conservadores e das oligarquias e caciques políticos regionais – os novos ‘coronéis’ eletrônicos”. Na prática, Executivo e Legislativo não levam em conta nem as próprias normas constitucionais.

Entre outros itens, a Constituição de 1988 proíbe a monopolização neste setor, mas as principais redes atuam como poderosos oligopólios privados. Além disso, exige que a comunicação social promova a produção da cultura nacional e regional e a difusão da produção independente, mas as redes – em especial a Globo – impõem uma programação centralizada e importada da indústria cultural estrangeira. Ela também exige que a TV tenha finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, mas as emissoras produzem e veiculam programas que não atendem esse preceito constitucional. “Elas despejam em cima da população programas de baixaria e o lixo importado, que nada têm a ver com a identidade, os valores e a cultura nacional”, observa Hamilton.

Manipulação e deformação da sociedade

Além de deformar comportamentos, com efeitos danosos na psicologia social, a mídia é hoje um instrumento político a serviço dos interesses das corporações capitalistas. Como decorrência do intenso processo de monopolização do setor, ela se tornou um verdadeiro “partido do capital”, conforme a clássica síntese do intelectual italiano Antonio Gramsci. Ela manipula informações, utilizando requintadas técnicas de edição, com o intento de satanizar seus inimigos de classe e endeusar os aliados. A defesa do “caçador de marajás” Fernando Collor, a cumplicidade diante dos crimes de FHC e a oposição ferrenha ao governo Lula confirmam esta brutal manipulação.

Estas e outras aberrações da mídia – monopolizada, desnacionalizada e manipuladora – ficaram patentes no ano passado. Vários institutos independentes de pesquisa provaram que a cobertura da sucessão presidencial foi distorcida, “partidarizada”. O livro “A mídia nas eleições de 2006”, organizado pelo professor Venício de Lima, apresenta tabelas demonstrando que ela beneficiou o candidato da direita liberal, Geraldo Alckmin, ao editar três vezes mais notícias negativas contra o candidato Lula. “A grave crise política de 2005 e a eleição presidencial de 2006 marcam uma ruptura na relação histórica entre a grande mídia e a política eleitoral no Brasil”, afirma Venício.

Tentativa de golpe na eleição

Neste violento processo de manipulação caiu a máscara da TV Globo – que até então ainda iludia alguns ingênuos, inclusive no interior do governo Lula. A sua cobertura na reta final das eleições foi decisiva para levar o pleito ao segundo turno. Conforme demonstrou histórica reportagem da revista Carta Capital, uma operação foi montada entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e a equipe da Rede Globo para criar um factóide político na véspera do primeiro turno. Após vazar ilegalmente fotos do dinheiro apreendido na tentativa desastrada de compra do dossiê da “máfia das sanguessugas”, que incriminava o partido de Geraldo Alckmin, o policial corrupto ordenou que a difusão das imagens fosse feita no Jornal Nacional da noite anterior ao pleito.

A criminosa negociação foi gravada, mas a TV Globo preferiu ocultá-la. Além disso, escondeu o trágico acidente com o avião da Gol para não ofuscar sua operação contra o candidato Lula. Para Marcos Coimbra, diretor do instituto de pesquisas Vox Populi, a solerte manipulação desnorteou todas as sondagens eleitorais, que davam a folgada vitória de Lula, o que evitou sua reeleição já no primeiro turno. “Os eleitores brasileiros foram votar no dia 1º de outubro sob um bombardeio que nunca tinha visto, nem mesmo em 1989... Em nossa experiência eleitoral, não tínhamos visto nada parecido em matéria de interferência da mídia”, garante o veterano Coimbra.

Um debate estratégico

Diante deste e de tantos outros fatos tenebrosos, que aviltam a democracia e mancham a história do próprio jornalismo, ficam as perguntas: é justa a renovação da concessão pública da poderosa TV Globo? Ela ajuda a formar ou a deformar a sociedade brasileira? Ela informa ou manipula as informações? Ela atende os preceitos constitucionais que proíbe o monopólio da mídia e exige que a comunicação social promova a produção da cultura nacional e regional e a difusão da produção independente e que tenha finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas? Estas e outras questões estarão em debate nas semanas que antecedem o simbólico 5 de outubro.

À CMS caberá levar esta discussão estratégica às suas bases. Já o governo e o parlamento, que devem zelar pela Constituição, não poderão ficar omissos diante deste tema. “Antes de propor a renovação automática da concessão, os órgãos de governo deveriam proceder à análise cuidadosa dos serviços prestados, com a devida divulgação para a sociedade. Antes de votar novos períodos de concessão, o Senado Federal deveria, em primeiro lugar, estabelecer o impedimento ético aos parlamentares envolvidos com a radiodifusão e, em segundo lugar, só aprovar a renovação que esteja de acordo com a Constituição, a começar pelo fim do oligopólio – já que o objetivo maior deve ser o da democratização da comunicação social”, pondera o professor Hamilton de Souza.

*Jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi).

Publicado em 28/9/2007.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Participação para mudar a Comunicação

A democratização da mídia passa pela participação popular?

Fonte: Fabiana Reinholz / Redação FNDC - 29/09/2007

A comunicação é um instrumento fundamental na organização, na política e uma ferramenta de apoderamento dos trabalhadores. A afirmação é da secretária nacional de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Bertotti, socióloga e agricultora familiar, que está há um ano à frente da secretaria.

Nos últimos tempos, a CUT vem se mobilizando e dando mais atenção a questões relacionadas à comunicação no Brasil. Por quê?

Rosane: A comunicação sempre esteve presente nos nossos debates, tanto é que na sua fundação, a CUT definiu que precisava ter uma secretaria de comunicação. Acho que ela consegue ocupar esse espaço a partir de uma nova realidade no Brasil, aonde a gente percebe com mais clareza que a mídia tem a capacidade de intervir nas decisões econômicas, políticas e do poder de influenciar a opinião pública. A partir disso, os movimentos sociais conseguem perceber que a comunicação, além de ser um instrumento de apoderamento, um utensílio que vai dialogar com sua base, seu espaço de atuação, é um instrumento que disputa projetos, disputa a concepção de Brasil e da sociedade como um todo.
Qual a avaliação que a Central faz sobre a convergência dos meios de comunicação, e o seu impacto?
Rosane: A questão da convergência dos meios de comunicação traz muitos benefícios, pois possibilita uma gama nova de informações e de acesso aos meios de comunicação. Mas a convergência ainda não se traduz para a realidade, acesso dos trabalhadores e do povo brasileiro. Por exemplo, a internet, que se tornou em um amplo mecanismo, que deu um pouco de margem para essa linha de convergência, mas que não está ao alcance de todos. Na minha opinião, os movimentos sociais precisam se apoderar mais desse debate e a partir daí mudar essas relações com a sociedade, para que a mesma tenha acesso à tecnologia advinda desse projeto.

A televisão é a principal fonte de informação e entretenimento no Brasil, mas é explorada por monopólios. Como seria possível mudar esse quadro?

Rosane: Primeiro, através da mudança no marco regulatório das concessões de rádio e TV, que são os grandes meios de massa. Hoje, as concessões, que são públicas, não passam por nenhum critério ao serem destinadas e nenhum processo de avaliação durante o período de suas vigências. Teríamos que começar garantindo critérios claros para essas outorgas, com base na Constituição. A partir desses critérios, criar mecanismos de avaliação para ver se de fato eles estão sendo observados pelas emissoras. Para mim, quem faz essa avaliação é a sociedade e não apenas os instrumentos oficiais ou de poder público.

Passa também pela construção e estruturação da TV Pública – que ela garanta a inserção da diversidade cultural do país, qualidade de informação e diálogo com a sociedade. E ainda pelo fortalecimento das redes de rádios comunitárias. Que haja efetivamente a participação popular garantindo que os meios realmente sejam um bem público. E há também o financiamento público desses meios. Então seria esse tripé: a concessão com critérios e avaliação do processo, acesso a outras manifestações e o financiamento da comunicação.

Quais os caminhos a serem trilhados para a democratização da comunicação e qual o papel do Estado?

Rosane: O tema é muito abrangente. Um dos principais pontos que estão pairando nesse momento é o processo de construção de uma grande Conferência Nacional de Comunicação, onde poderemos debater todos esses pontos específicos de comunicação, quer seja convergência de mídia, das concessões públicas, e a discussão em torno de uma televisão pública com gestão e participação dos movimentos e de toda sociedade organizada.

Nós representamos a classe trabalhadora e queremos que a sociedade, como um todo, participe do processo. Isso não significa que os empresários e o governo fiquem fora do debate. Eu acho que o Estado tem um papel importante enquanto gestor e executor de políticas públicas, que é o de promover o debate com a sociedade e junto com ela construir políticas públicas efetivas para a comunicação e propor instrumentos de ponderação.

Qual sua avaliação sobre a mídia nacional na questão da democratização?

Rosane: A mídia brasileira não é nada imparcial, ela tem uma visão própria e trabalha em cima disso, geralmente promovendo apenas um lado da história, deixando de lado questões importantes para a sociedade brasileira. A mídia tem o papel de dar visibilidade ao fato, e a partir disso, a população avaliará e opinará sobre o mesmo. A avaliação não é de um veículo por si só, que alega o direito de fazer sua opinião valer e a partir dela influenciar na decisão da sociedade brasileira. Com isso, o meio deixa de promover temas essenciais como cultura, educação e de dar voz às diversas opiniões sobre temas variados que estão inclusos no contexto social.

Na sua opinião, o que precisa ser feito para garantir o pluralismo e a liberdade de expressão na comunicação?

Rosane: Primeiro, parto do princípio que não existe uma coisa assim: vamos fazer isso, vamos cortar as concessões de televisão que isso vai mudar, até por que, isso faz parte de um processo histórico, de uma realidade brasileira. A luta social que nós viemos travando com todas as relações é fundamental, mas o ponto eminente é garantir que as concessões no Brasil, sendo públicas, precisam de critérios, processos de avaliação e de participação social. E, no decorrer de tudo isso, que nós pudéssemos estar garantindo a pluralidade das opiniões e manifestações. Há várias ações e não podemos apontar um único caminho para garantir a democratização.

Hoje eu acho que o mote principal é o diálogo com todos e por isso defendemos com grande força a realização de uma Conferência Nacional de Comunicação. Como alternativa de comunicação, o portal Mundo do Trabalho, criado pela CUT, traz notícias que interessam não só aos militantes mas a toda população, traz mobilizações e práticas que ajudam a garantir a diversidade dos meios.

Um texto de Bernardo Kucinski

Olá, o texto abaixo vale para todos. Especialmente para os alunos da DCG CEP - lembram do debate de ontem??? Que tal termos mais uma versão sobre o tema "concessão de TV". Abs

Chávez e a mídia oligárquica

Ao não renovar a concessão da RCTV, Chávez ganhou tempo. Mas o problema maior continua, permanente, que é a vocação golpista da mídia latino-americana e o grande risco que isso representa para a democracia. Essa é nossa agenda.

Bernardo Kucinski

Será mesmo que Chávez cometeu um erro de cálculo ao não renovar a concessão da RTCV, como diz o jornalista Teodoro Petkoff, na sua entrevista a Gilberto Maringoni, nesta Carta Maior? Pode ser. Mas sugiro que se inverta a questão. Que se discuta em primeiro lugar a vocação golpista da mídia latino-americana. E por que isso? Porque não é normal grandes jornais ou emissoras de tevê promoverem golpes para derrubar governos. Já as recaídas autoritárias de governantes fazem parte da normalidade política, mesmo na democracia. Kennedy, por exemplo, impediu o New York Times de revelar os preparativos de invasão de Cuba. Um Chávez mandão é o normal na esfera política. Uma mídia golpista é o patológico na esfera da comunicação jornalística. Essa é a aberração que nos cabe discutir. Essa é a nossa agenda. A mídia golpista prefere, é claro, a agenda “Chávez, o autoritário”.

A grande mídia já foi colaboracionista, como se viu na França durante a ocupação nazista, é quase sempre chauvinista em momentos de guerra, fechou os olhos a violações de direitos humanos por necessidades do imperialismo, como fez o New York Times com as atrocidades dos militares em El Salvador, e como faz a CNN agora no Iraque. Foi leniente com as ditaduras latino-americanas na época da Guerra Fria, mesmo as mais atrozes.

A grande mídia levou Nixon à renúncia, no escândalo Watergate. Mas quem estava tramando um golpe ali era Nixon, e não a mídia. Nesse episódio, a mídia americana demonstrou uma notável vocação antigolpista, isso sim. Frustrou uma tentativa de golpe. A grande mídia Ocidental não articula a derrubada de seus próprios governos, democraticamente eleitos. A grande imprensa Ocidental pode ser em geral conservadora e sem dúvida se constitui no grande mecanismo de domínio pela persuasão. Mas desempenha esse papel de modo contraditório, com altos e baixos, também informa bastante, é critica, e freqüentemente se rebela, passando a exercer uma função contra-hegemônica, como na cobertura da guerra do Vietnã.

Isso de golpe pela mídia só mesmo na América Latina. O conceito nem se aplica à mídia européia ou americana. Mas aconteceu no Chile, em 1973, no Brasil, em 1954, e na Venezuela de Chávez, além de tentativas mal-sucedidas, como o golpe da Globo contra Brizola na eleição para o governo do Rio de Janeiro, e os episódios “paragolpistas” da edição de debate Collor-Lula pela Globo na nossa primeira eleição direta para presidente depois da ditadura.

E por que a grande imprensa latino-americana é golpista? Porque é uma mídia de grandes famílias, originalmente os grandes proprietários de terras. Eles e seus sucessores dominam o aparelho de Estado, definem as políticas públicas, ora repartindo o poder com os bancos, ora com uma incipiente burguesia industrial, mas são sempre eles. Não por acaso, a maior bancada do Congresso Nacional é a bancada ruralista.

Essa elite nutre uma visão de mundo composta por três elementos principais: subserviência ao poder maior, que é o poder dos norte-americanos na região, como forma até mesmo de auto-proteção; 2) resistência a todo e qualquer projeto nacional; 3) desprezo pelo povo. Essa é a burguesia que nos coube na divisão do mundo promovida pelos Europeus durante a expansão mercantil e colonização do Novo Mundo. É a burguesia de uma economia dependente. Atavicamente antinacional e elitista.

Sua imprensa tem função muito mais ideológica do que informativa. Quando surge um governo com propostas de desenvolvimento autônomo e distribuição de renda, faz de tudo para derrubá-lo. Instala-se uma guerra. Primeiro tenta evitar que seja eleito. Daí o forte engajamento nas campanhas eleitorais contra os candidatos nacionalistas ou portadores de propostas transformadoras. Depois parte para o pau em conluio com militares golpistas. Foi assim com Getúlio, Allende. Até Juscelino, que deu um chega-pra-lá no FMI e tinha um projeto de país, foi bombardeado pela grande imprensa. O que ela quer são governos que privatizam, desnacionalizam, entregam, são entreguistas. Não por caso, combate ferozmente a política externa de Lula. Preferem a Alca. Chama isso de realismo político, mas é apenas subserviência. Necessidade de ser dependente. Tem pavor de projetos de autonomia nacional e mais ainda de propostas de unidade latino-americana. Nem o Mercosul engoliram.

Nunca aceitaram o Estado que chamam pejorativamente de “populista”. Isso ficou muito claro na Revolução de 30. Mesmo no bojo dessa revolução que deveria marcar o fim da hegemonia agrário-exportadora, Getúlio aplicou a censura prévia, rígida e abrangente, sobre todos os meios de comunicação e produção artística e cultural, a ainda teve a precaução de cooptar a maior cadeia de rádio e de jornais da época, a dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Não foi o autoritarismo de Getúlio, assim como não é o de Chávez, que geram o antagonismo da mídia oligárquica. É o caráter nacional-desenvolvimentista de seus projetos políticos. Tanto é assim que, quando Getúlio voltou ao poder pelo voto, sofreu intenso bombardeio e, de novo, entendeu que o combate à mídia oligárquica era essencial á sua sobrevivência. Apenas mudou de tática. Estimulou Samuel Wainer a fundar a cadeia Última Hora. O fato é que a grande imprensa tem sido arma recorrente dos golpistas. Usa o pretexto principal da luta contra a corrupção, seduzindo com isso a classe média recalcada, mas seu verdadeiro objetivo tem sido sempre o de derrubar o estado nacional-desenvolvimentista.

Quando toda a região abandona o Consenso de Washington em busca de um novo modelo que alie desenvolvimento com redistribuição de renda, agora com o reforço da unidade continental, a vocação golpista da mídia latino-americana torna-se um dos problemas centrais da democracia.

Chávez deve ter feito esse diagnóstico. E partiu para a guerra. Com as armas que tinha, no contexto atual, dentro das regras do jogo. Dividiu a oligarquia da imprensa, cooptando Cisneros, dono do maior conglomerado de mídia e, não renovando a concessão da RCTV, como que sinalizou aos demais o que lhes pode acontecer se saíram da linha.

Resolveu o seu problema, ou talvez só tenha ganhado tempo. Nós continuamos com o problema maior, permanente, da vocação golpista da mídia latino-americana e o grande risco que isso representa para a democracia. Essa é nossa agenda.

Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

40 ANOS SEM CHE ??

O jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, autor da mais completa biografia de Che Guevara, com 920 páginas, esteve em Porto Alegre dia 1º de outubro. Foi palestrante no curso de altos estudos Fronteiras do Pensamento, na UFRGS. Falou sobre “O pensamento após a modernidade.”
Pensamentos, idéias, ideologia, convicções e amor à causa foram marcos determinantes na vida de Ernesto Che Guevara. Fronteiras eram relativizadas, tal como é hoje o comércio, globalizado.
Em 8 de outubro de 1967, no calor da Guerra Fria e na longa seqüência de caça aos comunistas, foi preso nas montanhas de Vallegrande, Bolívia, o médico argentino que deu sua vida pela causa do socialismo, o Che.
Aos poucos a história desse herói de muitas pátrias e varias nacionalidades vai sendo conhecida. Recentemente, o filme Diários de Motocicleta, produzido pelo cineasta brasileiro Walter Salles, mostrou a famosa viagem que o estudante Che fez pela América do Sul, acompanhado do amigo Alberto Granado.
Iniciava naquela viagem a jornada de lutas de um idealista, cuja infância foi vivida com os pais na região missioneira da Argentina, próximo de Posadas. Che, quando jovem foi vizinho de nossos pais.
Vitorioso em Cuba, foi ministro da economia do governo revolucionário, no poder até hoje, apesar da proximidade geográfica com os Estados Unidos, principal inimigo de Cuba (talvez de muitos outros países).
Após lutar na África, Che resolveu “espraiar” a experiência da revolução socialista cubana pela América do Sul. Pensava que Cuba isolada não resistiria muito tempo e necessitava conquistar aliados para somar forças. Talvez essa tenha sido a grande divergência entre ele e Fidel Castro.
Cuba ainda resiste e Che foi morto aos 39 anos de idade, em 9 de outubro de 1967, à 1:10h da tarde, pelo soldado Mario Terán, a mando do governo boliviano, orientado pela CIA. Nas horas em que permaneceu preso, na escola da localidade chamada La Higuera, antes de ser executado, Che foi “visitado” pela agente da CIA Felix Rodriguez, disfarçado de oficial do exército boliviano.
Morto o médico guerrilheiro, seu corpo foi fotografado antes de ser enterrado em vala comum com seus companheiros nas montanhas da Bolívia. Seus restos mortais foram encontrados e transferidos para Cuba, em julho de 1997, quase trinta anos depois. Che ao ser preso disse: “Não atire. Eu sou Che Guevara. Valho mais para você vivo do que morto.“ Naquela hora, isso foi suficiente para convencer o sargento Bernardo Huanca, autor da prisão.
O alto escalão do governo boliviano não entendeu dessa forma. Ordenou sua execução, transformando um homem simples no maior mito da história recente, especialmente entre os jovens.
Mesmo após a queda do bloco socialista liderado pela URSS, o retrato de Che continua sendo estampado em uma diversidade de produtos, identificando os milhões de rebeldes, que lutam contra as injustiças e desejam um mundo melhor.
Se Che fosse vivo não gostaria de ver sua foto transformada em mercadoria, mas nenhuma imagem simboliza tanto um ideal e uma liderança quanto o retrato do Che.
Contra a vontade de poderosos, capitalistas e exploradores, que ele chamava imperialistas, CHE VIVE.

Juarez Braga Zamberlan
Estudante de jornalismo CESNORS/UFSM, sindicalista.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Professor substituto - novidades

Caros alunos:
Conforme combinado, aviso a todos sobre as novidades em relação à contratação do professor substituto. Nesta semana o processo da primeira seleção será encerrado, pois houve recurso de uma das candidatas e a Procuradoria Jurídica (PROJUR) junto à UFSM definiu pela anulação da seleção. Assim, em breve abriremos novo edital.
Com esta notícia, definimos pelo adiantamento do maior número possível de horas dos professores que assim puderem (e as disciplinas, conteúdos e andamento do semestre permitirem), para que, na chegada do novo professor, ele tenha mais horários vagos podendo realizar as disciplinas em regime intensivo.

Peço a colaboração de todos vocês para que as compensações sejam suficientes, pois acredito que a finalização do semestre dentro do calendário oficial irá facilitar o início de 2008/1, com maior tranquilidade (Amém!).

Abraços

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Sobre a teatralização da política

Este texto foi enviado pelo colega Juarez Braga Zamberlan. Vale a pena!

A necessidade de uma nova imprensa
Por Gilson Caroni Filho*

O deputado federal Ciro Gomes (PSB) foi certeiro ao definir a importância do holofote no comportamento político da oposição, em entrevista concedida à revista Imprensa, em dezembro de 2005. Em meio a crises que pareciam anunciar novos retrocessos político-institucionais, o então ministro da Integração Nacional diagnosticou com precisão: "eu participo da vida pública brasileira há 30 anos e é a primeira crise pautada por garotos alucinados por aparecer na televisão. E eles estão tocando a República! Eu acompanho a CPI, vejo parlamentares que olham para a câmera e dizem: "senhor presidente, senhores deputados, senhores depoentes e senhores telespectadores"! O que é isso? Os excessos são mais prováveis, pois há uma sensação de que as informações são descartáveis. Só que não é bem assim, há valores imateriais fundamentais em jogo e eu gostaria de ressaltar aqui a importância da linguagem".

Dois anos se passaram, os atores fizeram novas oficinas, ensaiaram textos no plenário, armazenaram informações, mas, a julgar pelos resultados, a teatralização da política não logrou os resultados esperados. A construção de representações sociais dominantes não obteve o êxito habitual. A velha mídia não descobriu o novo público. E foi aí que começou a história de sua coleção de derrotas.

Alguma fratura travou o espetáculo. Ao contrário das últimas décadas, produções como o " Mensalão", " Aloprados" e " Apagão Aéreo" se tornaram, passado o impacto inicial, fracassos de crítica e de público. Organizaçôes Globo, Civitas, Mesquitas e outros barões da imprensa brasileira parecem não ter acertado a mão, e o resultado são melancólicos folhetins sem qualquer vestígio de arte. Farsas baratas para produções que exigiram vultuosas somas e transformismos colossais.

Péssima direção e elenco de baixíssimo nível? Certamente, mas isso não é tudo. Nem sempre basta a imagem como critério da história. Às vezes, a trama, por mais recurso visuais que disponha, requer retórica convincente. Sem ela, inexiste a legitimação que precede o êxtase, e o plano que oculta o golpismo latente das elites se torna se torna visível demais.

A crença em um desmesurado poder manipulatório da mídia revela indigência de análise. O espetáculo só é possível porque a produção simbólica não se esgota em seu campo. Como destaca Silverstone, a circulação de significados, sua rica intertextualidade, não faz do senso comum um alvo passivo de versões deliberadamente distorcidas. Ele também produz, significa a partir de mediações da sua própria vida concreta. Não auscultar seu cambiante sistema simbólico custa caro aos pretensos "formadores de opinião".

Em suma, o êxito de qualquer projeto ideológico depende de profunda afinidade eletiva entre produtores-consumidores e consumidores-produtores de bens simbólicos. Sem troca não há fluxo eficaz. O que a grande imprensa ignorou - e parece continuar ignorando - é a crescente organização da sociedade civil. Sua capacidade de não só recusar a narrativa oferecida, como construir uma eficiente articulação contra-hegemônica. A mídia se perdeu de si mesma quando acreditou que seus estatutos de verdade eram imunes a qualquer alteração substantiva da formação social onde pretende interferir.

Cabe ao campo democrático-popular não alimentar ilusões. Se os meios de comunicação são fatores centrais e constitutivos de uma nova esfera pública em formação, não se deve esperar conversões éticas de uma imprensa cuja estruturação está umbilicalmente ligada ao destino de conhecidas oligarquias. Trabalhar com contradições internas do campo comunicativo existente é uma aposta fadada ao fracasso. Com a experiência acumulada em veículos como Carta Maior, Caros Amigos e Brasil de Fato, entre tantos outros, talvez tenha chegado a hora de investir em um grande jornal de esquerda. Como viabilizá-lo operacionalmente não cabe no espaço desse artigo, mas com a massa crítica acumulada já passou da hora. Essa é a questão central da democracia brasileira. Precisamos inventar a imprensa democrática.

* Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Atenção: aulas canceladas dia 02/10

Pessoal, por favor avisem os colegas que puderem sobre o cancelamento das DCG Oficina de Linguagem e Comunicação e Política EXTRAORDINARIAMENTE nesta TERÇA-FEIRA (02/10).
Abs,


TERÇA-FEIRA (02/10/2007)
AULAS CANCELADAS

- OFICINA DE LINGUAGEM JORNALÍSTICA (professor Carlos encontra-se em viagem a trabalho)
Recuperação: a combinar

- COMUNICAÇÃO, ÉTICA E POLÍTICA (professora Cláudia participa da reunião do Conselho de Centro)
Recuperação: QUINTA-FEIRA (04/10)
das 13h30 às 17h10


Cláudia Herte de Moraes
Coordenadora pró-tempore do curso de Jornalismo