quinta-feira, 4 de outubro de 2007

40 ANOS SEM CHE ??

O jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, autor da mais completa biografia de Che Guevara, com 920 páginas, esteve em Porto Alegre dia 1º de outubro. Foi palestrante no curso de altos estudos Fronteiras do Pensamento, na UFRGS. Falou sobre “O pensamento após a modernidade.”
Pensamentos, idéias, ideologia, convicções e amor à causa foram marcos determinantes na vida de Ernesto Che Guevara. Fronteiras eram relativizadas, tal como é hoje o comércio, globalizado.
Em 8 de outubro de 1967, no calor da Guerra Fria e na longa seqüência de caça aos comunistas, foi preso nas montanhas de Vallegrande, Bolívia, o médico argentino que deu sua vida pela causa do socialismo, o Che.
Aos poucos a história desse herói de muitas pátrias e varias nacionalidades vai sendo conhecida. Recentemente, o filme Diários de Motocicleta, produzido pelo cineasta brasileiro Walter Salles, mostrou a famosa viagem que o estudante Che fez pela América do Sul, acompanhado do amigo Alberto Granado.
Iniciava naquela viagem a jornada de lutas de um idealista, cuja infância foi vivida com os pais na região missioneira da Argentina, próximo de Posadas. Che, quando jovem foi vizinho de nossos pais.
Vitorioso em Cuba, foi ministro da economia do governo revolucionário, no poder até hoje, apesar da proximidade geográfica com os Estados Unidos, principal inimigo de Cuba (talvez de muitos outros países).
Após lutar na África, Che resolveu “espraiar” a experiência da revolução socialista cubana pela América do Sul. Pensava que Cuba isolada não resistiria muito tempo e necessitava conquistar aliados para somar forças. Talvez essa tenha sido a grande divergência entre ele e Fidel Castro.
Cuba ainda resiste e Che foi morto aos 39 anos de idade, em 9 de outubro de 1967, à 1:10h da tarde, pelo soldado Mario Terán, a mando do governo boliviano, orientado pela CIA. Nas horas em que permaneceu preso, na escola da localidade chamada La Higuera, antes de ser executado, Che foi “visitado” pela agente da CIA Felix Rodriguez, disfarçado de oficial do exército boliviano.
Morto o médico guerrilheiro, seu corpo foi fotografado antes de ser enterrado em vala comum com seus companheiros nas montanhas da Bolívia. Seus restos mortais foram encontrados e transferidos para Cuba, em julho de 1997, quase trinta anos depois. Che ao ser preso disse: “Não atire. Eu sou Che Guevara. Valho mais para você vivo do que morto.“ Naquela hora, isso foi suficiente para convencer o sargento Bernardo Huanca, autor da prisão.
O alto escalão do governo boliviano não entendeu dessa forma. Ordenou sua execução, transformando um homem simples no maior mito da história recente, especialmente entre os jovens.
Mesmo após a queda do bloco socialista liderado pela URSS, o retrato de Che continua sendo estampado em uma diversidade de produtos, identificando os milhões de rebeldes, que lutam contra as injustiças e desejam um mundo melhor.
Se Che fosse vivo não gostaria de ver sua foto transformada em mercadoria, mas nenhuma imagem simboliza tanto um ideal e uma liderança quanto o retrato do Che.
Contra a vontade de poderosos, capitalistas e exploradores, que ele chamava imperialistas, CHE VIVE.

Juarez Braga Zamberlan
Estudante de jornalismo CESNORS/UFSM, sindicalista.

Um comentário:

Cláudia disse...

Caro Juarez,
Seja bem-vindo ao nosso blog. Achei ótimo o seu texto. Acredito que a memória é um dos principais instrumentos da coletividade para ações alinhadas à identidade de um povo. Resgatar a importância de Che é cuidar para que a identidade latino-americana seja despertada. Parabéns. Cláudia