sábado, 6 de outubro de 2007

As tragicomédias da semana

Foi no dia 01 de outubro, segunda-feira, quando saiu no Diário Oficial a demissão do Gerúndio. O coitado, nem sabe direito os motivos, já que o decreto do governador do DF associa o seu uso à ineficiência do setor público. Convenhamos, quem ainda não "esteve usando" o tal moço em hora errada, diante de sua popularização geral, atire a primeira "crase". Também foi tragicômica a história do carimbo do "Congreço" Nacional que figurou na capa da Folha de São Paulo (o dia confesso que esqueci).

Mais sobre o decreto do Arruda/DF

Comentário inteligente e elucidativo do uso do gerúndio (ele é somente um bode expiatório, os verdadeiros culpados da ineficiência do Estado muitas vezes são os próprios mandatários, não é mesmo??).
DO PASQUALE CIPRO NETO:
A assessoria do governador explica que, quando ele cobrava a conclusão de projetos, recebia respostas como "Vou estar terminando", "Vou estar lhe informando", "Vou estar concluindo". De fato, frases como essas transmitem a sensação de que nada acontecerá. Isso é herança maldita do ultramegachato uso de bobagens como "Ele tem que estar enviando um fax", "Vou estar transferindo a ligação", "Você tem que estar pegando uma senha", "Não pude estar comparecendo" etc.
Nessas insuportabilíssimas frases, emprega-se a estrutura "estar + gerúndio" para indicar processos que não são durativos ("Estava tomando banho"; "Nessa hora vou estar almoçando com ela") nem simultâneos ("Quando você estiver falando com ele, estarei terminando o relatório").
Pois o nó da questão é justamente o mau uso do gerúndio, ou melhor, da estrutura "estar + gerúndio" (que recebeu o nome de "gerundismo").
O governador tem pleno direito de enfurecer-se com seus assessores enrolões, mas nenhum direito de tentar legislar sobre o uso da língua, sobretudo quando essa tentativa esbarra em impropriedades técnicas.
Viva o gerúndio! Abaixo o decreto do governador do DF! Abaixo o mau uso de "estar + gerúndio"! E, sobretudo, abaixo todos os enrolões (da administração pública, do Senado, da Câmara Federal, das empresas de telefonia fixa, móvel etc., etc., etc.)!

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